mycota wrote:
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Tenho uma Licenciatura com média de 17. Estou a acabar um Mestrado ainda sem publicações ou comunicações. Tendo em conta o número 9 do Artigo 19º do Regulamento de Bolsas (
http://alfa.fct.mctes.pt/apoios/bolsas/regulamento2010), quais as possibilidades reais de ser avaliado pelo painel em 4,5 no mérito do candidato?
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Prólogo:
Como já deves ter reparado, há muita discussão sobre esse assunto desde que Bolonha entrou em vigor. Apesar de algumas das críticas merecerem mérito, a grande parte deve-se a excessiva intransigência por parte dos candidatos que não obtiveram bolsa.
Eles não compreendem que qualquer que seja o critério de avaliação, há sempre gente que é, efectivamente, prejudicada. E se alterarem o critério, apenas mudam os candidatos que são prejudicados, e não o número ou a justiça de este candidato ter bolsa e aquele não.
Analogia: portagens nas auto-estradas, com classes definidas pela altura do veículo medida no eixo frontal (ou algo parecido). É claro que os donos de alguns jipes e monovolumes, estando muito perto do limiar, reclamam que o critério é "injusto", mas se mudassem o critério para, por exemplo, peso do veículo, a única diferença é que seriam outros a protestar (donos de veículos cujo peso estivesse perto do limiar). Nenhum dos critérios é melhor ou mais justo que o outro: são realidades distintas.
Na minha opinião, um aluno pré Bolonha (Lic. 5 anos) tem competências diferentes - não necessariamente melhores - que um pós Bolonha (Lic. 3 + Mest. 2), pelo que é impossível haver um super-critério que objectiva e inequivocamente os ordenasse a todos, sem margem de erro ou contestação, aplicável a todas as universidades, portuguesas e estrangeiras, e a todos os cursos. Solução? Escolher
um critério que seja razoável e que se aplique com a menor das ambiguidades ao futuro (e não ao passado), e incluir uma componente subjectiva (painel) que possa colmatar os casos excepcionais. Isto foi particularmente importante nos anos de transição, e tende a desvanecer agora que a maioria dos candidatos é pós-Bolonha.
Nesse aspecto, acho que os critérios da FCT foram bem conseguidos, e fora alguns casos apresentados aqui no fórum em que possa ter havido uma clara falha na avaliação por parte do painel, não acho que o volume de críticas seja justificado.
Respondendo em concreto à tua questão:
Podes comprometer-te a tirar uma nota X no Mestrado e a FCT avaliar-te-à nessas condições. Se não alcançares X, automaticamente perdes a (eventual) bolsa por não poderes apresentar comprovativo oficial.
Ou podes ser mais conservador e dizer apenas que vais completar o Mestrado em breve, e assim obténs uma classificação (possivelmente inferior) no mérito do candidato que até pode ser suficiente para obteres a bolsa. Caso não consigas a bolsa, podes sempre ir a recurso e argumentar que afinal até obtiveste uma nota X que te poria num escalão superior, pelo que solicitas uma re-avaliação pelo painel, com este novo elemento.
Por outras palavras, não te preocupes com o que o painel vai fazer. Esforça-te para obter as melhores notas possíveis, e caso tenhas de ir a recurso, argumenta o melhor que conseguires. Muito provavelmente, a tua concorrência vai ser constituída por candidatos numa situação idêntica, pelo que te "basta" ser melhor que eles, independentemente do critério usado pelo painel (que em princípio vai ser aplicado igualmente).
Footnote:
Concorri a BD em 2008, com média 16 quer de Lic. pré-Bolonha (5 anos FEUP), quer de MS pós-Bolonha (1 ano FEUP) e tive 4 no mérito do candidato. Ou seja, de acordo com a tabela de então que me dava 4 pela nota da Lic., o meu Mestrado contribuiu com ZERO. Justo? Talvez não, mas qual seria a justiça se sob outro critério eu tivesse um mérito superior e outra pessoa um mérito inferior?