daniel__ wrote:mags wrote:
Se, para si, fazer investigação é sinónimo de estar numa "bolha de conforto" e de parasitar o Estado, então porque é que se candidatou a uma bolsa? Quanto ao seu comentário sobre as áreas válidas (até admira as Humanidades não estarem incluídas no ramalhete da inutilidade académica...), que "servem para de facto gerar riqueza" (já agora, que áreas são estas? Vou já mudar radicalmente o meu projecto!): é por causa de comentários como o seu que estas áreas são válidas e necessárias. Achar que uma sociedade é melhor porque todos fazemos/estudamos o mesmo, ou seja, porque nos dedicamos a actividades que "servem para de facto gerar riqueza" é, no mínimo, redutor, para não usar um termo mais ofensivo (como ignorante, por exemplo. Ups, saiu-me.) Votos de muito sucesso.
Como ja tinha dito candidatei-me pelo desafio. Sinceramente nao sei qual é o problema em aconselhar quem nao teve bolsa a ingressar no mercado de trabalho em vez de estar mais um ano parado ou à espera do incerto. Ha algo de errado em um investigador trabalhar fora da universidade?
Ou é melhor chegar aos 30 sem experiencia nenhuma e depois 'E agora? Faço o quê se nao arranjar nada nas universidades?'. É que o doutoramento é praticamente irrelevante no mercado de trabalho. E sim, empresas de base tecnologica, engenharias ou área da saude são de longe as áreas que mais riqueza podem gerar no imediato ao país e isso vê-se pelo numero de startups em portugal e na europa/EUA e riqueza gerada. Indo mais longe, investidores privados pouco mais olham do que estas áreas.
Isto é um facto, o resto é a minha opinião. Cumps
Ora, duas coisas:
1) em lado algum desvalorizei o trabalho, até porque a investigação científica é trabalho, ainda que não seja reconhecida como tal. E não, não há qualquer problema em arranjar trabalho fora da universidade: o problema está em consegui-lo, pois como já deve ter reparado, o mercado laboral não está assim para lá de supimpa;
2) a ânsia em gerar riqueza imediata é profundamente perniciosa, pois resulta no que temos agora, neste preciso momento. Para além disso, a riqueza monetária, ainda que obviamente indispensável (ninguém vive do ar, convenhamos), não tem mais valor do que a riqueza cultural, literária, artística, etc. Valorizando apenas a primeira, todo e qualquer crescimento económico se torna oco e limitado. E isto é também um facto.
Votos de muito sucesso para todos/as.